Adaptando para RPG


Olá pessoas!
Para quem ainda não sabe, eu venho postando quinzenalmente no Mundos Colidem, um blog sobre RPG que fala sobre tudo, de adaptações e resenhas até materiais para iniciantes. Esta semana eu postei lá um texto sobre adaptações, o qual trago para o blog hoje. Ele surgiu da ideia de atualizar uma antiga postagem de mesmo nome aqui do blog onde falei de vários sistemas que podem ser usados para adaptações e que estavam em destaque na época. Hoje temos muitos sistemas novos no país, sendo muito justo atualizar as sugestões deles e expandir as explicações que dei na época sob a ótica das minhas recentes experiências. Espero que aproveitem.

Se você pegar um dicionário, ele dirá que adaptação é a “transformação de uma obra literária em representação teatral, cinematográfica, radiofônica ou televisionada”. Obviamente este é um conceito limitado, uma vez que se pode adaptar obras de uma mídia para qualquer outra, respeitando as dificuldades de cada caso. Hoje em dia só o que temos são adaptações de quadrinhos para o cinema, e cada vez mais adaptações para seriados. Os animes em si são adaptações, geralmente, transportando o que lemos nos mangás e light novels para a televisão (e antes que alguém grite, há animes originais sim). E estes são apenas alguns exemplos de adaptações que existem e com as quais convivemos o tempo inteiro (isso para não falar das adaptações de games para cinema e visse e versa, o que raramente dá certo).

Quando pensamos em adaptações para o RPG, precisamos separá-las em dois tipos gerais. As mais diretas são as adaptações de cenários de outras mídias para o RPG. Aqui temos muitos exemplos mundo a fora, oficiais ou não. Jogos como DC Adventures e Marvel Heroic Roleplaying são exemplos conhecidos de jogos que adaptam os mundos dos super-heróis para o RPG, tomando como base as mecânicas dos sistemas do Mutante e Malfeitores e Cortex, respectivamente, em adaptações próprias. O Mouse Guard RPG é outro exemplo de cenário retirado dos quadrinhos e adaptado para o RPG, usando mecânicas inspiradas no Burning Wheel. Indo para o mundo do cinema, não faz nem sentido começar a listar a quantidade de jogos lançados de Star Wars e Senhor dos Anéis, e isso falando apenas dos oficiais, onde aqui no país temos o Fronteiras do Império e o Um Anel como exemplos publicados. Indo para os trabalhos feitos por fãs, temos diversos exemplos de adaptações para as mais variadas mídias, principalmente quando o assunto é anime (já que não existem jogos licenciados publicados por aqui), chegando até a adaptar RPGs mais antigos como Vampiro A Máscara para outras regras (como FATE ou RISUS). Aqui no blog eu já postei muitas adaptações, principalmente de Naruto, como se pode ver na página de Downloads (eu também adaptei Naruto para Savage Worlds, não se esqueçam).


Entretanto, existem certos jogos que tem por objetivo adaptar uma ambientação em particular, apresentando um cenário original ou mesmo genérico, emulando justamente a sensação de se jogar naquela ambientação em particular. Se observarmos sob um ponto de vista mais específico, jogos como Interface Zero, Shadow of Demon Lord, 7º Mar, Numemera e 13ª Era, que possuem um cenário próprio característico, apresentam regras que se presam a emular a ambientação a qual seu jogo se destina. O Interface Zero, por exemplo, apresenta um sistema de regras para se jogar num cenário cyberpunk, que é a sua ambientação. Outros jogos como Rastro de Cthulhu, ICONS, 3D&T Alpha, Crônicas e Dungeon World, por exemplo, não apresentam cenários próprios, mas as suas regras visam adaptar a ambientação ao qual foram propostos, sejam cenários de horror, super-heroísmo, animes ou fantasia medieval, ou mesmo explorar masmorras, como é o caso do D&D tradicional. Num nível mais amplo, sistemas como GURPS e FATE podem ser adaptados para praticamente qualquer ambientação mesmo sendo tão diferentes (GURPS sendo mais simulacionista e FATE mais narrativo), sendo necessário aplicar os devidos ajustes. Agora, sob um ponto de vista mais geral, pode-se entender que o próprio RPG é uma mídia para adaptação de outras mídias, onde a inspiração para a criação de seus jogos tem como base, principalmente, a literatura.

Mas então o que preciso saber para adaptar algo para RPG? Antes de tudo, você precisa conhecer o que deseja adaptar. Para criar as minhas adaptações de Naruto, primeiro, eu tive que ler os mangás e assistir aos animes algumas vezes, e repetir o processo, além de pesquisar certas informações em sites e fóruns. Isto servirá para duas coisas, onde a primeira será definir um caminho pelo qual seguir. É importante saber o que há de essencial no cenário que se pretende adaptar, devendo-se anotar tudo que for relevante. Não se prenda aos protagonistas da obra original, pois eles não representam bem a maioria dos personagens do cenário (geralmente eles são exceções: pessoas de grande poder ou poderes únicos). Uma boa adaptação deve mostrar com fidelidade o background do que se está adaptando, e não necessariamente as exceções (estas serão acrescentadas como elementos incomuns que podem ser obtidos). Segundo, lembre-se que os demais jogadores podem não ter o mesmo conhecimento que você sobre a obra. Assim, é importante destacar tudo que há de relevante nela na sua adaptação, facilitando a consulta e criação de narrativas. Se puder, acrescente dicas de como usar os elementos do cenário no jogo. Isso complementa o seu trabalho e cativa mais as pessoas para ele, principalmente se desejar publicá-la um dia.


O próximo passo é escolher o sistema. Aqui sugiro buscar um sistema que já simule bem a ambientação da obra que você pretende adaptar. Isso o ajudará porque o sistema estará otimizado para aquilo que você pretende adaptar, facilitando na hora de traduzir os elementos do cenário em regras, requerendo pouco esforço. Lembre-se que aqui o mais importante é mudar o mínimo possível o sistema que se está usando. Caso você esteja se prendendo em detalhes e não conseguir adaptar alguma característica em particular, avalie se o que você está querendo adaptar é realmente tão importante assim para o cenário, ou se não há alguma outra regra que seja parecida com aquilo que você procura. Muitas vezes nos prendemos a detalhes descritivos do cenário achando que temos que os traduzir em regras, quando na verdade não há necessidade de complicar algo que pode simplesmente ser apenas descrito na hora de jogar. Entretanto, mesmo que o sistema seja ótimo para a sua adaptação, é preciso também conhecê-lo. Tentar usar um sistema ao qual nunca se jogou para adaptar algo geralmente levará a erros, uma vez que só o jogando é possível conhecer algumas de suas nuances que passam despercebidos durante a sua leitura.

E chegamos ao fim. A ideia era introduzir o tema e dar algumas dicas de como criar suas próprias adaptações, além de listar alguns sistemas que hoje temos no país e que podem ser uma boa opção para o que você busca. Eu tentei ser sucinto sobre o assunto, onde evidentemente é possível adaptar de tudo para seus jogos, até mesmo mecânicas de outros sistemas para o seu favorito, como o caro Leishmaniose muito bem exemplificou no Mundos Colidem. Espero que o texto tenha sido útil e que o ajude em suas empreitadas na hora de jogar suas obras favoritas. Ah, não poderia deixar de citar que este texto serve como complemento para a postagem que o Mestre Petras fez no Mundos Colidem no ano passado. Não deixem de lê-la também! Uma dica final é buscar na net outras adaptações que já existem e usá-las como consulta para melhorar seu próprio trabalho.

Até and Bye...
Postado originalmente no Mundos Colidem.

Comentários

  1. Olá,

    Tô vendo você usando imagens fodásticas aqui e no outro post colocou umas mé - nada contra Mouse Guard, mas anime sempre é melhor. HUHUHU!

    Bonanças.

    Atenciosamente,
    Leishmaniose

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    Respostas
    1. Olá!
      Uahahahahahahaha. A única diferente foi a de Naruto man. No meu blog tinha que ter Naruto. Inclusive eu adaptei o texto para linkar matérias daqui tb, como minha adaptação de Naruto para Savage Worlds.

      Até and Bye...

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